Conheça sete histórias de mulheres que mudaram o Brasil
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Parece coisa de outro mundo quando se imagina que há algum tempo, não muito distante dos dias de hoje, as mulheres precisaram gritar muito para serem vistas como seres humanos, e com os mesmos direitos dos homens! Elas não só gritaram palavras de ordem, como foram às ruas, queimaram sutiãs, apanharam muito, e ainda tiveram de lidar com machistas (tanto homens quanto mulheres!) que as desqualificavam publicamente. O tempo passou e nós mulheres podemos trabalhar, vestir a roupa que quisermos e escolher a quem amar ou casar, não esqueçam que houve muitos gritos, choros e humilhações de centenas de mulheres corajosas.
Confira a matéria do BBF, publicada originalmente no Dia Internacional da Mulher, 8 de março/2020, sobre sete histórias de mulheres incríveis!
Carmem Santos – a pioneira do Cinema Brasileiro

A imigrante portuguesa Maria do Carmo Santos Gonçalves (Carmen Santos, 1904-1952) estreou como atriz em 1919, com o filme Urutau, do cineasta Willian Jansen. Era os primórdios do cinema no mundo, e o Brasil já fazia parte do seleto grupo de países produtores de filmes. Foi musa dos cineastas Humberto Mauro, Mário Peixoto e Otávio Gabus Mendes. Carmen tinha consciência de que podia muito mais no Cinema, e teve papel fundamental como produtora e se associou em algumas empresas do ramo. Em 1934, ela criou a própria companhia cinematográfica, a Brasil Vita Filmes. Em 1948 dirige seu primeiro filme Inconfidência Mineira.
Auri Moura Costa – a primeira juíza do Brasil

Foi por meio de um engano, que Auri Moura Costa (1910-1991) entrou para a história da magistratura brasileira. Somente depois da sua nomeação como juíza do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), em 1939, descobriram que não se tratava de um home chamado Auri, e sim de uma mulher! A jovem foi aprovada em concurso de provas e títulos. Em maio de 1969, Auri é nomeada Desembargadora do TJCE e, novamente entra para a história como a primeira Juíza de Direito do Ceará a assumir o mais alto cargo da magistratura estadual. Também foi a primeira mulher a ocupar a Presidência do Tribunal Regional Eleitoral, entre os anos de 1974 a 1976. Em 1977 dirigiu o Fórum Clóvis Beviláqua. A magistrada publicou oito obras e se aposentou em 1979, aos 69 anos.
Joênia Wapichana – mulher indígena no Congresso Nacional

Joênia Wapichana. Primeira indígena deputada Federal. Reprodução/Portal da Câmara dos Deputados
A vitória de Joênia Batista de Carvalho como deputada federal (Roraima), pelo partido Rede Sustentabilidade (REDE) nas eleições de 2018, representa um dos marcos históricos mais importantes para o empoderamento da mulher indígena na política brasileira. Conhecida como Joênia Wapichana, nasceu na comunidade Cabeceira do Truarú, de etinia Wapixana, e ainda criança mudou-se com a família para Boa Vista, capital de Roraima. Foi também a primeira indígena a se tornar advogada no país e a fazer mestrado pela Universidade do Arizona. Marcou pioneirismo ao falar no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa da legalidade da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR).
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Celina Guimarães Viana – a grande sacada que viabilizou o voto feminino

Apesar de a Constituição Brasileira, vigente na década de 1920, não proibir o voto da mulher em eleições, os homens que estavam no poder não permitiam a presença feminina na política e muito menos de ter o direito ao voto. Em 1926, professora Celina Guimarães Viana (1890-1972), residente da cidade de Mossoró (RN), conseguiu uma grande proeza ao invocar o artigo 17 da lei eleitoral do Rio Grande do Norte (região Nordeste do Brasil) que permitia a “votar e ser votados, sem distinção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas por lei”. No ano seguinte, Celina entrou com processo na justiça onde solicitava a inclusão de seu nome na lista de eleitores do estado. O juiz Israel Ferreira Nunes deu parecer favorável à Celina, e por meio desta brecha constitucional estadual solicitou ao presidente do Senado Federal a aprovação do projeto que instituía o voto feminino, amparado também na Constituição Federal. Em 5 de abril de 1928, em Mossoró, Celina é a primeira mulher a tirar título de eleitor e a votar no Brasil.
Bertha Lutz – Luta pela emancipação intelectual da mulher

Ao ler a biografia da paulistana Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976), a sensação é de que ela veio para este mundo fazer a diferença. Bem nascida, ela poderia ter escolhido uma vida mais cômoda e abastada, porém, o exemplo que testemunhava em casa com a mãe enfermeira, e o pai cientista (Adolfo Lutz) a tornou uma mulher bem à frente de seu tempo e sensível à causa da mulher, considerando que a maioria das brasileiras não tiveram os mesmos privilégios, Bertha foi à luta! É mundialmente conhecida como uma das maiores líderes na luta das mulheres pelos direitos políticos. Em 1919 criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que posteriormente se tornou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Em 1922, a bióloga formada em Zoologia representou a mulher brasileira na Assembleia-Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Atuou como deputada na Câmara Federal em 1936, e segundo consta no acervo do Itamaraty, Bertha propôs mudança na legislação referente ao trabalho da mulher e do menor, contemplando igualdade salarial, licença de três meses para a gestante e redução da jornada de trabalho, então de 13 horas diárias. Em 1937, o Brasil vive sob o regime do Estado Novo e as casas legislativas são fechadas. Sem poder exercer o cargo político, Bertha chefiou o setor de Botânica do Museu Nacional até se aposentar em 1964. Ela fez história na luta mundial pelos direitos das mulheres, ao ser a única brasileira a fazer parte da delegação que participou da Conferência de São Francisco, realizada entre maio e junho de 1945. A seu ativismo na luta pelos direitos das mulheres foi destaque no evento, e ajudou a redigir a Carta das Nações Unidas. Bertha Lutz faleceu em 16 de setembro de 1976, aos 84 anos, na cidade do Rio de Janeiro.
Maria Firmina dos Reis – a voz poderosa da Literatura brasileira

Há muitos motivos para celebrar a vida e obra da professora maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917), como o fato de ser a primeira escritora negra do Brasil; e de que soube muito bem utilizar a literatura, no século XIX, para denunciar as opressões vividas por negros e mulheres. Em 1859, Maria Firmina, filha de escrava alforriada, escreveu o primeiro romance abolicionista em língua portuguesa, “Úrsula” – também considerada a primeira obra do gênero escrito por uma mulher, em toda América Latina. Durante a sua trajetória publicou textos na imprensa local e também se dedicou ao estudo do folclore brasileiro. Em 1880 fundou uma das primeira escolas mistas e gratuitas do país, na cidade de Maçaricó, no Maranhão. Se hoje em dia, muitos escritores brasileiros passam por dificuldades financeira e pela falta de reconhecimento, imagine o que passou Maria Firmina por ser mulher, negra e ativista. Segundo consta em sua biografia, publicada no site Literafro, da UFMG, a escritora e intelectual morreu aos 95 anos, cega e pobre. Sem nenhum reconhecimento dos governantes da época. Em 2018, a Edições Câmara, editora da Câmara dos Deputados, lançou uma edição especial de “Úrsula e outras obras”.
Chiquinha Gonzaga – A primeira musicista profissional do Brasil

Independente de gostar ou não de carnaval, inegável para qualquer brasileiro a existência das marchinhas que embalam o período festivo. Foi Chiquinha Gonzaga quem criou o gênero musical e a canção “Ó Abre-Alas” (1899). Foi também a primeira mulher brasileira profissional da Música. Segundo sua biografia publicada no site Enciclopédia Itaú Cultural, a carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847-1935) foi compositora, pianista e regente. Era filha de escrava alforriada, e aos 11 anos apresentou sua primeira composição, “Canção dos Pastores”. Muito à frente de seu tempo, ela quebrou tabus ao se casar e separar duas vezes; gostava da vida boêmia e das rodas de choro; participou ativamente do movimento abolicionista e republicano; ajudou a popularizar entre a elite, o violão – instrumento musical até então desprezado. Conseguia sobreviver por meio das aulas de música que lecionava. Aos 30 anos editou a sua primeira música, uma polca para piano intitulada “Atraente”. Viveu na pele o preconceito de ser mulher e de viver da música, e muitos de seus trabalhos foram censurados. Sempre à luta, em 1885 estreou como autora musical da opereta “A Corte na Roça”, no Teatro Imperial. Em 1888, Chiquinha Gonzaga rege pela primeira vez uma orquestra, no espetáculo “A Filha do Guedes”. Durante a Revolta da Armada, em 1893, a musicista compõe “Aperte o Botão”, considerada subversiva pelo governo do marechal Floriano Peixoto, o resultado foi uma obra de prisão e apreensão de suas partituras. No início do século XX, Chiquinha com o seu conjunto musical registra parte de sua obra em discos de 78 rpm. Engajada na luta contra o uso ilegal de direitos autorais de músicos e teatrólogos, funda em 1917 a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat). Em 1933, dois anos antes de sua morte, Chiquinha Gonzaga escreve a sua última obra, músicas para a peça Maria, libreto de Viriato Corrêa. Segundo o site Acervo Digital Chiquinha Gonzaga, os choros eram batizados com nomes indígenas como Tupã; Tupi; Tamoio; Tupiniquins; Carioca, Arariboia; Aguará; Caobimpará; Angá-catú-rama; Ary; Aracê; Timbira; Tapuia; Angá; Carijó; Paraguaçu; Cecy; Guaianases; e Cariri. Chiquinha acreditava que esses nomes davam caráter nativo do gênero musical. A maior maestrina do país faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1935, aos 87 anos de idade.
*Foto de capa: Primeiras eleitoras do Brasil, Natal/RN. Reprodução/Acervo Arquivo Nacional.
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